-
Ghiuvetch – Cozinha mitológica (Grécia)
Objetos diários me causam aflição. Dormi feliz e acordei louca, agônica e desamparada. O cheiro do cravo-da-índia me lançou no espaço das distâncias. O feno grego me arrancou o doce que eu guardava no canto ensombreado, onde o sol não crestava meus sonhos. O vinho embriagou a insana ideia que a noite trouxe: um fim. […]
-
Corpos & Pratos
O que vai no seu prato?O que há no seu corpo?Na mente, na vida, na pele, no olho.É isso que vem na ponta da língua: fala, fere, come, degusta, delicia, morde, mastiga, engole. É pouco e é muito. “gosto”, “não gosto”, “quero”, “não quero”: isso é para poucos, muitos não tem.Quem alimentamos? A indústria, o […]
-
O tempo da couve
Outro sábado, quase o mesmo: calor, abelhas, cozinha.Trouxe bandaid, água, e aquela esperança de picar em menores pedaços tudo que por minhas mãos passeassem. A cozinha é sempre silêncio no começo, quase casa vazia, manhã de preguiça, início de férias. Chiffonade, sabe? Sim, acho que sei. Uma caixa inteira de couves, folhas de todos os […]
-
Segundo dia
O calor continua. O domingo inicia. Pego a estrada e chego novamente ao restaurante acordando. Mas hoje sem o peso do “primeiro dia do resto de nossas vidas”, já é muito menos angustiante. Já tenho o “fazer muito menor”, e “não atrapalhem”, então… A cozinha acorda sempre entre fogos e águas borbulhantes. As bancadas nuas […]
-
III
“O pão de aveia, as maçãs no cesto, o vinho frio, ou a candeia sobre o silêncio. Ou a minha tarefa sobre o tempo. Ou o meu espírito sobre Deus. Digo: minha vida é para as mulheres vazias, as mulheres dos campos, os seres fundamentais que cantam de encontro aos sinistros muros de Deus. As […]
-
Sobre a mesa
colocamos mais do que toalha, talheres, panelas.É sobre a mesa que nossas mãos desenham futurosé debaixo da mesa, que nossos pés dançam músicas de ontem e hoje,é entre as cadeiras que, às vezes, (n)um roçar de poema distante nos comovenos movepara pratos e bocas (des)conhecidos.Tem vezes que a gente lembraem outras esquecetemos sede ou fastiotemos […]
-
Poemas & noz-moscada
Como nasceu: numa noite após algumas taças de tinto, enluaradas e um pouco embriagadas, pensamos (r)evoluções. E se o mundo pudesse ser um lugar melhor? E se NÓS pudéssemos fazer (r)evoluções? A começar pela mesa. A começar pelo que comemos. O início de tudo somos nós. A pensar, a comer, a cozinhar, a escrever, a […]