• Ghiuvetch – Cozinha mitológica (Grécia)

    Objetos diários me causam aflição. Dormi feliz e acordei louca, agônica e desamparada. O cheiro do cravo-da-índia me lançou no espaço das distâncias. O feno grego me arrancou o doce que eu guardava no canto ensombreado, onde o sol não crestava meus sonhos. O vinho embriagou a insana ideia que a noite trouxe: um fim. […]

    Ana Júlia Poletto Um comentário 16 de julho de 2022
  • Corpos & Pratos

    O que vai no seu prato?O que há no seu corpo?Na mente, na vida, na pele, no olho.É isso que vem na ponta da língua: fala, fere, come, degusta, delicia, morde, mastiga, engole. É pouco e é muito. “gosto”, “não gosto”, “quero”, “não quero”: isso é para poucos, muitos não tem.Quem alimentamos? A indústria, o […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 14 de fevereiro de 2021
  • O tempo da couve

    Outro sábado, quase o mesmo: calor, abelhas, cozinha.Trouxe bandaid, água, e aquela esperança de picar em menores pedaços tudo que por minhas mãos passeassem. A cozinha é sempre silêncio no começo, quase casa vazia, manhã de preguiça, início de férias. Chiffonade, sabe? Sim, acho que sei. Uma caixa inteira de couves, folhas de todos os […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 30 de novembro de 2020
  • Segundo dia

    O calor continua.  O domingo inicia.  Pego a estrada e chego novamente ao restaurante acordando.  Mas hoje sem o peso do “primeiro dia do resto de nossas vidas”, já é muito menos angustiante. Já tenho o “fazer muito menor”, e “não atrapalhem”, então… A cozinha acorda sempre entre fogos e águas borbulhantes. As bancadas nuas […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 23 de novembro de 2020
  • III

    “O pão de aveia, as maçãs no cesto, o vinho frio, ou a candeia sobre o silêncio. Ou a minha tarefa sobre o tempo. Ou o meu espírito sobre Deus. Digo: minha vida é para as mulheres vazias, as mulheres dos campos, os seres fundamentais que cantam de encontro aos sinistros muros de Deus. As […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 5 de novembro de 2020
  • Sobre a mesa

    colocamos mais do que toalha, talheres, panelas.É sobre a mesa que nossas mãos desenham futurosé debaixo da mesa, que nossos pés dançam músicas de ontem e hoje,é entre as cadeiras que, às vezes, (n)um roçar de poema distante nos comovenos movepara pratos e bocas (des)conhecidos.Tem vezes que a gente lembraem outras esquecetemos sede ou fastiotemos […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 13 de outubro de 2020
  • Poemas & noz-moscada

    Como nasceu: numa noite após algumas taças de tinto, enluaradas e um pouco embriagadas, pensamos (r)evoluções. E se o mundo pudesse ser um lugar melhor? E se NÓS pudéssemos fazer (r)evoluções? A começar pela mesa. A começar pelo que comemos. O início de tudo somos nós. A pensar, a comer, a cozinhar, a escrever, a […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 8 de outubro de 2020