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Primitiva
Esse Eu rústico, áspero, cheio de mofo, musgos, úmido e verdejante. esse “eu” abandonado à vida, simplesmente vivendo. (a paisagem do nascimento desse eu é desnuda: a mesa empoeirada no vilarejo deserto). É um eu tão livre que, transparente, atravessa e se deixa atravessar. Eu solto, voa, e deixa-se levar por sopro, brisa ou vento. […]
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Sopro & velas
É que às vezes, assim, no meio da tarde, da semana, da vida, vem uma vontade louca de saber cantar, mudar de país, de sexo, de ideia. E o vento de quase-outono adiantado na hora, sopra na pele feito mar e sussurra, é preciso saber (re)voltar.
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Sem título
A chuva ali tão dentro e acorda o bicho em mim soletra um texto sem fim (não era para ser rima nem nada) ah, se fosse parede e tijolo e escuro(s) e umas palavras assim, sopradas ao vento caídas em terra molhada (de chuva) era para nascer árvore grande erva daninha ou flor sem nome […]
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FELINOSOFIA, a partir do estudo de Therolinguística e da Felinolinguística
O simples deslocar-se no espaço dá a cadência do verso que eles, os felinos, escrevem. O verso ácido de suas unhas se contrapõe à maciez das suas rimas felpudas. Mas é na escuridão completa que sua felinosofia se constrói: numa poética noturna do devaneio é que seu pensamento nômade se inscreve. Arrisco dizer, após algumas […]
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Therolinguística aplicada
Muitos se utilizaram da expressão “lesma” no século passado, como forma de agressão, para rotular pessoas que não faziam suas atividades no ritmo “certo” e “produtivo” do capitalismo selvagem. Umas centenas de anos depois, se descobriu o poder musical sem precedentes na história molluscal, quiça até, de todo reino Animalia (talvez o caramujo seja uma […]
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O amor, o jardim & uma xícara de chá
Torrões de açúcar(es) Eu chovi. Ela fez sol.
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A chuva no ombro
Ali, o mar. A gaivota e seu mergulho: das suas fomes, peixes em pleno ar. Uma onda, mais uma outra mais Aqui, a nuvem nasce das minhas sedes, inglórias em goles incapazes de perfurar o deserto o sertão infinito tempo das ampulhetas. Lá, entre o pescoço e a nuca, desagua o céu a boca: a […]
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Escrevo(-me)
Não será um bilhete, nem mensagem no whats. Cartas no correio também não. Uma frase histérica, nas paredes do prédio. Ou quem sabe, uma poesia entre os muros da cidade sitiada. Lembretes na geladeira morreriam de fome. Aqueles rascunhos, fogo e chão. Não. O que escrevo(-me) vai dentro de garrafa lacrada lançado ao mar: de […]
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Poeta cheia de pelos
Na folha, o amassado do tempo, da história não lida, das muitas idas e vindas, dos lugares (in)comuns. Na vida, os nossos melhores possíveis, o nosso único possível, porque nunca se vai até onde nunca se esteve (estivemos? Estaremos). Na boca, o amargo do tempo, a sujeira no dente, a falta da fala, a fala […]