Prosaicas

Aqui, sem métrica.

  • As Mulheres de Adriana

    “A mãe nunca gostou que eu inventasse histórias e então tive de aprender a contar para dentro aquilo que perdeu o espaço do lado de fora”. “Sim, mulheres falam o tempo todo e falam sobre qualquer coisa, falam se atropelando, rindo e gesticulando. Mulheres quando ficam em silêncio são um problema sério e misterioso”. Dois […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 3 de maio de 2016
  • Virginia e eu

    “Com estrelas nos olhos e véus no cabelo, com ciclamens e violetas selvagens – mas em que despropósito estava pensando? Tinha no mínimo cinquenta anos e oito filhos. Caminhando por campos floridos e levando ao peito botões esmagados e carneiros caídos; com estrelas nos olhos e vento no cabelo – ela segurou sua sacola”. Uma […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 1 de maio de 2016
  • Na grama dos teus olhos, plantei um jardim

    Cada viga, coluna, compasso: era uma casa habitada no futuro. Nesse quarto, naquela escada, essa dança todas as noites. Olha o jardim, queria jasmim, não pela rima, mas pelo perfume. E o teu cheiro, esse teu jeito, essa morada no teu peito. Vinho, comida, e roupa no varal. Se eu pudesse escolher uma tarde, uma […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 19 de abril de 2016
  • Chuva e chocolate

    Batidas na porta. Tempo que passa. Os passos percorrem séculos. Onde havia deixado os óculos? Pergunta dispersa, para afugentar a visível cegueira. Abriu: ninguém. Nada. Só a paisagem rotineira e tediosa. Continuou parada, esperando. O quê? Não sabia. E o cheiro entrou. Talvez o toque macio tivesse se chocado contra a porta trancada. Cheiro de […]

    Ana Júlia Poletto Um comentário 13 de março de 2016
  • Nebulosas

    O firmamento se desfez. Deitada no telhado, olhos descrentes tentavam ainda se apegar ao último fio de luz que escorria da abóbada escura que se estendia sobre o mundo: não conseguiram. Aturdida, sacudiu a poeira celeste das vestes, e desceu, tão fundo que pode sentir o cheiro úmido e quente do centro da Terra. Tateou […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 1 de março de 2016
  • Dentro é sempre inverno

    E bato o pé no chão, para crer na vida. Para saber quem sou. E não sei. Bato, bato, bato: três vezes que é o número exato para crer. Para afastar azares e acasos. E o chão não se rompe, e fico segura de estar em terra firme. Mas não sabe então, que quero o […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 28 de fevereiro de 2016
  • Fagias

    Ao cruzar as areias, os figos escorriam feito primavera noturna: cheiro doce atravessado por um azul estrelado. Mastigou palavras, perfumes, e o gosto da noite salgada deslizava pelos cantos da boca. Rasgando a pele, ali, bem ali, que fogo era esse, que crestava pensamentos? Numa língua vingativa, profetizou destinos e odores, e aqueles dedos traçaram […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 3 de fevereiro de 2016
  • Ideia do Amor

    “Viver na intimidade de um ser estranho, não para nos aproximarmos dele, para o dar a conhecer, mas para o manter estranho, distante, e mesmo inaparente – tão inaparente que  seu nome o possa conter inteiro. E depois, mesmo no meio do mal-estar, dia após dia, não ser mais que o lugar sempre aberto, a […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 15 de dezembro de 2015
  • SANGUE, OSSOS & MANTEIGA

    Quando se lê “Sangue, ossos & manteiga” se percebe logo de cara que Gabrielle não é só chef de um dos restaurantes mais badalados de Nova York. Ela é também escritora (mestre em Ficção). O subtítulo: “a educação involuntária de uma chef relutante” mostra a que veio. Gabrielle mostra em sua escrita (fluida, deliciosa, com […]

    Ana Júlia Poletto Sem comentários 6 de dezembro de 2015