Na folha, o amassado do tempo, da história não lida, das muitas idas e vindas, dos lugares (in)comuns. Na vida, os nossos melhores possíveis, o nosso único possível, porque nunca se vai até onde nunca se esteve (estivemos? Estaremos). Na boca, o amargo do tempo, a sujeira no dente, a falta da fala, a fala da falta: no silêncio do dentro, o ruído do ontem. Dos peixes solúveis, das manhãs passadas na manteiga (vegana), do ar de verão nesse inverno que não passa. Nesse banho longo de longas noites de pesados pesadelos de sonhos ainda descrentes, vamos. Seguimos pelos caminhos escuros, escuros pelos na noite escura dos tempos: porque há nesse escuro de nós, uma selvagem ideia de pelos e peles, do fogo ainda escondido (talvez nunca descoberto, Prometeu só uma promessa) porque essa chama,
chama,
e só nos nossos ouvidos, ressoa.
É do poema que nasce o sol.

Um comentário em “Poeta cheia de pelos

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