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Fora dos mapas, órbitas e meridianos.
Entre os dedos, o sol o sal o dia. a noite que some entre sonhos desperta no soprar de uma chuva distante. Des per ta Distante. Entra o sol pelos dedos na sombra entre as pernas devora deflora demora essa chuva que molha. A bússola marca hora e meia de corpo inteiro.
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Margens
Sobeja feito corpo cheio até a borda suspensa onda gota água e um pouco de sal. Paredes e muros e portas comportas enferrujadas. Escala pelos joelhos a umidade o musgo o tempo todos os rios que correm para o mar e esquecida de mapas deixa-se navegar.
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Sem começos nem fins
A boca de neblina no fim daquela porta. herdei silêncios e bebi o verão no inverno. da língua o verbo nasceu-me útero.
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Entrelinhas coloridas
No primeiro sopro, o rubro: boca dentes madura língua sangue a nota solta a respirar sôfrega sombra no preto sustenido: lenta louca lânguida feito pernas abertas saia e vestido síncope e batida. Dos pés estanques, a mão o não o chão. os olhos fechados vendados o rubro pela nuca ouvidos vertidos (in)vestidos na voz voraz […]
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Poeira entre as ondas
Querendo ser vento, soprou velas e veias vãos e desvãos queria ser mar sal entre as pernas areia entre os dedos quis ser chuva nuvem e névoa (pingos água som e fúria) aguaceiro aguardente arrependida demente. mas foi-se indo andando ventando querendo ser.
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Liquefeitas
O dedo da mão, nos dedos dos pés, o lábio e a boca o braço e o abraço: ali, na curva da nuca trovejavam estrelas feito buraco-negro com medo do escuro. Atrás dos joelhos, perdões e promessas, das costas desciam versos e vozes úmidas entrecortadas fendas em sílabas líquidas lânguidas lascivas linhas em curvas, (i)móveis.
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rascunho-te no guardanapo, e limpo a boca no teu vestido
É sangue, ali na toalha: não crime, não dor, sangue. Só. Desse que circula aqui dentro, esse em ti, em nós, sangue. Que faz bater coração, esquentar a cabeça (quando quente), gelar os pés (quando frio), arrepiar a espinha (quando medo), dilatar tudo (quando muito). Na toalha porque é ali que deposito minhas fomes todas: […]
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Escura
Mesmo em dia de chuva. Muito em dias de sol. A sombra. O corpo todo tragado por ela: eu, carne e osso, a etérea forma que escorre pela calçada, desliza pela parede, sobe, disforme, pelo muro prédio telhado. Mesmo aqui, além de mim. Mesmo agora, para lá do tempo. É que no mais escuro de […]
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Habita-me
Habita em mim um tanto de outros corpos muito de diferentes gostos aquilo que há e o que deixa de existir. Sou essa e outras tantas. Habito-me: às vezes de muito perto, em outras, perco de vista – um eu, e o nós – puro hábito de estranhar-me. Nas palmas das minhas mãos, habitam destinos […]