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Do orvalho à geada
E não era o tempo, o vento, o frio, qualquer coisa fora externa selvagem. Não era a estação, o inverno, o mês ou o ano. Não. Era a noite nua crua o sol nascia e ao se pôr, levava umas cores, um cheiro, algo dela que nem ela, (re)conhecia. No corpo um sopro um gosto, […]
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Era chuva chovendo
e um verde crescia de dentro pra fora a lavanda saía da boca na ponta dos dedos, alecrim e tão pouco de mim: era eu e não mais nem menos Entre os braços vento… …venta sopra de longe uma saudade que vem vem era nu vem Vem da nuca das costas do dorso (con)torço contorno […]
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Fugitiva
Acordei coberta de pólen despida de ideias toco tudo que me escapa: vento flor tempo e nuvem.
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Narcisos
É um ar de primavera, esse que desliza pela noite pelo tempo pela nuca é um cheiro de vento de flor um verde que se põe cor um dia que se faz vida. É um “seja” urgente uma nota contente uma rima em janela aberta (diria até, piegas e recorrente, de veia aberta) mas é […]
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Terceiro ato
Len t a ment e chega pelas mãos o salgado cheiro de ondas quebradas na cadência da queda na ardência da pele na fluência da língua na confluência da nuca na insuficiência da boca Sopro noturno em cortinas devassas roupas e restos copos e fomes fomes e corpos no ápice do acorde a corda tesa […]
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Oceano
A primeira gota, foi suor lento e denso deserto entre nós. A segunda lágrima, sal e sol saudade de verão, quando ainda nem era inverno. Uma e outra mais, umidade brotando de paredes espelhos esperas, lençóis. E mais e mais, gota a gota água chuva céu noite assim trovejando lavando o suor o sal o […]
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Entre as páginas do teu corpo
No verso com cheiro de limões, espalho ardentes pensamentos, verdes ainda nesse verão outonal: estranho, vermelho, seco. Ao sol o verso ainda cru entre os dedos, feito sexo recém acordado, fica aqui cada vez mais dentro, cada vez mais, esse verso verde cru entre as pernas.
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O primeiro sopro de outono com cheiro de inverno
Era das costas que soprava aquele vento, ventava como se o céu fosse mar, revolto, revolta no dentro de si, um frio, um fogo, uma pedra escalada, e no cume, pássaro e asas, salto e sol, sal também, da lágrima, do lago, do rio que corria antes lento agora sôfrego, com vontades e ondas, Era […]
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Correntes
Do alto, água caindo quente Do mais alto ainda, água despencando inteira: céu de cinza liquefeito feito eu derretendo escorrendo Era verão daquela vez. É verão mais uma vez. Da água o que restou fui eu e a corrente za.