O ar gelado entrou pela noite, nevou pensamentos,
e ela,
sempre toda conceitos,
amassou uma folha mais: não era essa a história.
Não esses personagens.
Cansada, descalçou botas e meias, e foi andar invernos.
Queria brancos e espinhos. Quis ser nua em noite gélida,
voz em garganta muda,
azul entre escarpas e galáxias.
Nenhum parágrafo, nenhuma página,
nada escrevia noite,
com aquele escuro todo.
Sílabas gaguejavam estreladas frases,
sua cabeça doía, e seu corpo dançava febres:
ela não tinha verbo.
Ela escureceu.
Ela – pensou – era eu.

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