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Cinzas
A fumaça no cheiro no olho no ar Foi como se Era quando onde não se sabia quem. O cinza a névoa a nuvem o pensamento tóxico de que talvez. Agora pela janela a fumaça o ar desenhado por nuvens artificiais as folhas os pássaros era a fumaça nos pulmões sem cigarro sem prazer sem […]
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Fotografia
Era um pedaço desses galhos velhos secos apodrecidos tempo que passou corroeu desgaste de carne antes verde, agora secura e fim. Mas era galho que tinha história: crianças por ele subiram e chegaram ao topo do mundo abacates verdes redondos maduros e onipotentes em sua carnuda existência, existiram. Por seus galhos, passarinhos, borboletas e formigas […]
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Líquida
Se fosse chuva, isso que vem todo fim de tarde mas não. Mansa, sopra aqui ao lado uma brisa que não é verão (nem inverno não traz frio ou frescor) gota a gota cai entra é dentro molha pensamentos degelos Parece que aos poucos alaga lago larga alarga profundezas nuvens desertos: não temos mais oásis […]
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Canções de vento
A manhã nasceu outona: vermelhos sóis em sopro frio. Da janela, a primavera acena numa última flor a cigarra foi-se trocada de pele e do pólen a abelha voa só. No tapete uma luz quadrada quente de sol que nasce assim no chão no som nas folhas que sussurram a canção do tempo: eco eco […]
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Pergunte-me-se
Quantas vezes morri, quantos dias contei, quantas vezes amei, quem nunca chorou, que dia é hoje, que noite foi aquela, que doce comi, qual bebida tomei, quem te chamou, por quem você fugiu, para quem você voltou, quantos nós você desatou, quantos nós eu criei, que vida eu quis, qual sonho morreu, quem ficou para […]
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40 dias
É de um silêncio vestido de negro, um esvoaçar de inseto e já acordamos a noite. À noite: vem sorrateira sem deixar sono ou sonho. É o medo: medo de futuros inenarráveis, medo de silêncios assim de cidades vazias feito filme. Mas não é. É vida real. Qual real? Essa(s) realidade(s) de seres onipotentes em […]
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Entre o verde e o azul, o domingo
Como se fosse verão, amanheceu sol (já tinha verdecido pensamentos e sentia as folhas no meio das pernas) e de hora em hora, perdeu o tempo – cansou relógios (ela não queria o segundo nem o primeiro, queria o longe e o perto) deitou-se, como se nascida de grama e cheiro. Não viu nem o […]
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(R)evolução F
Muito se disse sobre a Revolução. No começo foi conhecida como a Revolução das Fêmeas. Mas foi somente quando o vento arrastou a areia até o sal, quando a Corrente de Ouro e a Linha de Prata abriram suas pernas, quando o Outro lado chegou a este, é que a (R)evolução iniciou. #revoluçãof #evoluçãof
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Yo sono one l’autre: eu
Este é o lugar onde não estou onde não me estou (r)estou? é um onde é um agora esse aqui que demora. É tempo que procura sou eu quem me procuro é relógio que me encontra? Tic tac Toc-toc: sou estou. É esse dizer que não fala a língua dos homens essa língua torta essa […]