porque enquanto ela vivia de sol, céu, gatos e cabelos que, verdes cresciam entre as amarelas flores do jardim, ela não precisava acreditar em realidade, não queria saber de detalhes, nem qualquer jornal ou rede. Porque enquanto a manhã acordava cheia de passarinhos, sua cama despertada por beijo e cheiro de verão em pleno inverno, enquanto isso tudo não era sonhado e passava pela janela um domingo cheio de sol e som – nada de fúria -, só quando o tempo era assim, tão leve feito poema que ainda não acordou, só nesse instante ela era feliz, feita, forma, fascinada, ficção pura, diriam alguns. Para ela, enquanto as folhas – do livro, do poema, do processo, da vida – estavam ali, tudo parecia um verão de país distante, com cheiro de mar e azul gregos, calor espanhol e vermelhos tomates italianos. Era como se, uma vez mais, ela pudesse se (re)criar, respirar livre e leve e dizer: é domingo!, de uma semana qualquer, sem nenhuma data importante, sem dia formalizado ou agenda de compromissos pedantes. Ela queria apenas ser. E era.

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