Ela acorda, toma café (suco de laranja, na verdade), caminha na chuva e olha a vida passar.
Ela deita à noite, tenta ler duas páginas do livro de meses atrás e já não lembra da história. Dorme, e seus sonhos são tão incompletos quanto os contos que escreve.
Ela acorda, toma café (hoje sim, toma café), a chuva continua e a vida também.
À noite a gata pede para entrar debaixo das cobertas: o inverno finalmente chegou. Ela dorme e sonha com o mar.
O despertador toca, ela se espreguiça e a gata reclama com uma unha na sua coxa. Vamos pular o café (ou suco) de hoje. A vida segue.
Ela vai para a cama, folheia o livro (amanhã decide que escolherá um de poesias, porque esse não agradou), a gata mordisca o pé direito, e a chuva recomeça. Ela sonha com o mar, outra vez.
Ela levanta, a chuva deixa a manhã mais dengosa, no celular digita:
passagem aérea para_. Débito.
“Cordélia, partimos amanhã”. A gata lambe uma pata em sinal de concordância. A vida chovia. Na mala, levaria poesia.