Sim, eu queria que a primeira Prosaica fosse clariciana, quem tão dentro de mim, habita.

De longe o melhor livro dela, para mim é “A Maçã no escuro”. Na 1ª parte, o primeiro parágrafo:

“Esta história começa numa noite de março tão escura quanto é a noite enquanto se dorme. O modo como, tranquilo, o tempo decorria era a lua altíssima passando pelo céu. Até que mais profundamente tarde também a lua desapareceu”.

Martim é o homem que atravessa as páginas. Martim é o homem que, narrado, é pedra bruta, não esculpida. “Dentro da dimensão de um rato, aquele homem cabia inteiro”.

Mas é um livro para quem já percorreu Clarice antes. Ou para aqueles que, em momento epifânico, tem a visão de um mundo novo.

Caso nunca tenha lido Clarice, ou apenas suas frases esparsas, o melhor é começar por seus contos. Não por dificuldade, mas por precaução. “A legião estrangeira” é um dos contos que amo. Não contarei a história de Ofélia, tão delicada e ao mesmo tempo, tão violenta, dolorida. Fica aqui a minha saudade:

“Ofélia é que não voltou: cresceu. Foi ser a princesa hindu por quem no deserto sua tribo esperava” (In: Felicidade clandestina).

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