É nos vãos que o fogo pega

é nos desvãos que a gente voa

no buraco que a semente cresce

no escuro, a gente adormece

(às vezes sonha)

não gosto de rima

(me sinto presa num futuro sem passado – vai entender!)

Faz tempo que não tenho agenda

(porque as coisas mudam de lugar o tempo todo a vida inteira)

queria ser mais calma menos colérica

queria ter paciência e acreditar (em várias coisas)

mas eis que assim sou

(cá estou, é rima de novo a atravessar caminho e forçar proximidade)

gostei mais do frio agora frio é querer quietude (quentude também)

Sigo gostando de tinto (branco só quando é sol a não mais caber)

rosé é para poesia (e amor)

e gato é a minha outra forma de aparição.

Sigo caminhos do meio (-fio, assim-e-assado) e busco a pergunta de uma resposta esquecida há séculos atrás

Tem dias que sou noite

e há noites nos meus dias

mas há horas que nunca passam e músicas que rasgam nuvens

Tem papel caneta e correio

E tem panela no fogo um dia inteiro

(não brigo mais com a rima, ela que venha e vá – bocejo)

Vida é essa fome que se cozinha (às vezes fast em outras, slow)

às vezes é crua mesmo

mas hoje

eu só tenho um punhado de areia

e um barquinho de papel.

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