Tem dias que não se escreve bonito

(é sempre chegada a hora de arrancar a casca

que (re)cobre a ferida

não para sangrar

sofrer

soprar

mas para olhar bem dentro)

Nessas tardes que chegam úmidas

marcadas com lama e cinzas

essas tardes são todas elas

inteiras

em blocos

surgem carregadas nos ombros do tempo

e no tropeço

estilhaçadas.

(é sempre recomendado chutar os cacos

– não para debaixo do tapete –

chutar como se soubesse para onde

mas sem saber

seguir

tentando)

Nessas tardes de escrita rasgada

o bom é olhar pela janela e respirar as nuvens para dentro do peito

e deixar chover encharcar embeber

(trovejar aguar lavar alagar ensopar

limpar).

temp.estar.

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