Era mais que água, chuva ou temporal. Escorria pela nuca, testa, engolia a goles desérticos, aquele céu líquido de azul e transparência, saliva e suor, sede e umidades, nuvem e som. Do telhado às janelas, das pernas aos pés, de cabelos grudados aos pensares, lavava calçadas, descalça. Os poros bebiam de fora para dentro. A madeira brotava, feito árvore recém-nascida, a casa inteira, vivia. No jardim, gramas e roseiras sorriam verdes e frescas.
E no vidro, desenhos e frases efêmeros, contavam histórias para sempre esquecidas (lembradas apenas na superfície gelada do impossível no mundo).

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