Nessa linha curva que sobe a montanha:
a gota escorre pela testa feito moldura líquida,
desce pela nuca feito vertigem tonta,
percorre o dorso feito desejo duro.
Essa reta ensolarada, cheia de nuvens e travessas, quase uma flecha torta, que não vai longe:
fica aqui, bem perto,
tão perto e tão doce como.
Era para ser desenho,
era para ser história,
mas o fogão acendeu fogos,
a água ferveu sonhos,
e esse cheiro de alecrim
(esse meu Diadorim?),
era pão que crescia entre amor e fermentos.
As arestas todas cabisbaixas,
alongadas ou curvilíneas,
deixaram de ser geometrias secas,
engoliram cores e um pouco de rum:
flores, campos, pedras e beijos – tudo, apenas paisagem.
O traço mesmo,
esse era desenhado com língua,
pele,
dedos e
mãos,
tudo temperado com pólen e mar.

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