“e o poema faz-se contra a carne e o tempo”
faz-se com a carne
e o tempo
A carne
O corpo entre os lençóis
entre as pernas as mãos e os vulcões
rimas perdidas num tempo esquecido.
O tempo na carne:
o corpo desliza ponteiros
entre a nuca e o ombro esquerdo
porque o direito nem sempre é Direito.
O tempo
A carne no tempo
dia noite vinho e flor
melhor do que contar horas é contar histórias.
A boca o sal os joelhos
a folha o sol e a porta
fechada
escancarada
bate.
Os pés em outros pés
as mãos em outras mãos
a-manhã
nunca é:
no hoje é que esse braço
esses dedos
a língua a saliva o suor o poema
gritam
hoje
agora
no meu corpo
no teu corpo
sem tempo.

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